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Empreendedorismo Feminino e a força de uma comunidade

Hoje o post do blog vai ser um pouquinho diferente. Quero contar pra vocês uma história: a de como eu me descobri (e aceitei) empreendedora. Vamos começar na Sexta-feira Santa de 2018. A Pipa tinha recém nascido e eu tinha acabado de ser demitida de um trabalho no qual eu seguia só por causa do salário.


Primeiro veio aquela sensação de “o que eu vou fazer?”, ai me perguntei se eu queria mesmo voltar a enviar currículos, passar por processos de seleção misóginos para, com sorte, conseguir uma vaga em uma empresa que não tivesse um ambiente muito tóxico ganhando um salário que não fosse completamente injusto. A resposta não foi difícil, não, eu não estava disposta a viver assim de novo. Decidi que iria investir todas as minhas fichas na Pipa e por sorte tive o apoio de muita gente incrível.


Passei assim a ser empreendedora, mas eu não me sentia como uma. Não me reconhecia nos discursos típicos dos empreendedores que eu via, como “trabalhe enquanto eles dormem” ou “faça o que os outros não estão dispostos para conquistar o que eles só sonham". Para mim a questão sempre foi mais complexa do que apenas dedicação e sacrifício.


Por muito tempo me senti perdida, vagando dentro de um universo que não me encantava. Mas com o tempo a Pipa me apresentou pessoas que iriam mudar todo meu entendimento de empreendedorismo. Conheci mulheres lutadoras que se apoiam e ajudam na construção de uma sociedade e de um empreendedorismo mais inclusivo e humanizado. Descobri no Empreendedorismo feminino uma comunidade que colabora para que a gente conquiste nossos direitos, que ajuda a promover discussões importantes e quebrar esse paradigma de empreendedorismo que não representa nossos ideais ou nosso dia a dia.


No Brasil existem 24 milhões de empreendedoras (Dados do Sebrae 2019) e, dessas, 45% são chefes de domicílio, além de seus negócios. Nossa realidade é muito diferente do clássico empreendedor de startup que se dedica exclusivamente a isso muitas vezes com o objetivo de construir uma empresa valorizada no mercado para depois vender ou a empresa em si ou ações dela. É o ambiente no qual a mentalidade do “aposentado aos 30 anos” surgiu.


Entre as mulheres a realidade dificilmente se aproxima dessa descrita. Elas são chefes de família, se dividem em jornadas duplas, ou mesmo triplas, e investem na construção de empresas que serão a fonte do sustento da sua família por muitos anos. Dedicam-se de coração, corpo e alma nesses negócios para construir um legado para suas famílias. Nossas empresas são nosso orgulho e o valor que elas carregam é muito maior do que o dinheiro.


Mas nossa jornada não é fácil. Apesar de termos um nível de escolaridade em média 16% maior ainda ganhamos cerca de 22% a menos do que os empresários homens. Taxas de juros também são quase 3% mais altas para mulheres, mesmo com índices de inadimplência menores. Isso sem falar no preconceito que ainda é muito forte e na dupla jornada de trabalho que suga nossas energias. Isso tudo contribui para que o número de negócios de mulheres que passam de 3,5 anos e se consolidam seja de apenas 39%, contra 65% dos negócios de homens.


Mas estamos crescendo. Em 5 anos o número de empreendedoras cresceu 200% no Brasil. E não temos medo de fazer isso sozinhas: apenas 19% das empreendedoras tem sócios. Crescemos graças a uma comunidade que se apoia, troca conhecimento e colabora porque sabe que por trás de cada negócio de mulher existe uma luta muita grande, existe uma família que depende disso para se sustentar e porque sabemos que já existem muitos desafios e injustiças contra nós no mundo para que nós mesmas criemos ainda mais. Uma comunidade que não se deixa intimidar pelas barreiras impostas pelo empreendedorismo tradicional e que não aceita seus preceitos sem pensamento crítico. Foi essa comunidade que me mostrou que eu posso ser empreendedora e me preocupar com o bem estar social, que não preciso me reconhecer nos discursos que exaltam um comportamento de hipercompetitividade e de abandono das nossas necessidades pessoais em nome do sucesso profissional.


Apesar de todas as dificuldades continuamos resistindo, lutando e crescendo. Vamos juntas, lado a lado, de mãos dadas, construindo um empreendedorismo com nossa cara, mais saudável, humano e inclusivo.

 
 
 

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