Isolamento social, expectativas e frustrações.
- Michele Raskopf

- 12 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Quantas vezes nos sentimos frustrados devido a uma comparação com a vida de outra pessoa que aparentemente é mais feliz, mais produtiva, mais bem sucedida? A busca por dias felizes é uma constante na minha vida e acredito que na de todos, mas infelizmente muitas vezes, de forma involuntária acabamos comparando constantemente nossa vida e nossos resultados com os de outras pessoas, e isso na maioria das vezes acaba frustrando nossos sonhos e nossa busca por dias felizes.
Em tempos de pandemia e isolamento social percebi através das redes sociais que aumentou significativamente o número de pessoas adotando os discursos da era do: Seja foda e busque sua melhor versão!
Acontece que a era do: Seja foda e busque sua melhor versão não surgiu agora, ela apenas se intensificou com a ocorrência do isolamento social, pois as pessoas passaram a ter mais tempo livre, e consequentemente, ficaram mais reflexivas sobre tudo que está acontecendo, ou pelo menos deveriam ficar.
Não vejo problemas em ser adepto da filosofia: Seja foda e busque sua melhor versão. Minha preocupação está na superficialidade disso tudo. Acredito que é preciso refletir sobre o real significado dessas expressões, é preciso ir além para entender o que realmente significa ser foda e descobrir qual é a minha, a sua melhor versão.
Não podemos esquecer que cada ser humano é único, é singular! Portanto, talvez a minha melhor versão, não seja a sua melhor versão e está tudo bem, pois a grande beleza da vida está em vivermos em uma sociedade plural. Para isso é preciso que existam diferentes formas de ser foda e de buscar nossa melhor versão. No entanto, antes de nos preocuparmos em atingir esses status, é preciso fazer outras reflexões que servirão para todos nós, não só em tempos de pandemia, mas sim como lições de vida, reflexões que nos levarão ao crescimento enquanto seres humanos, enquanto pessoas, pois é exatamente isso que somos, antes de sermos qualquer outra coisa.
E afinal que reflexões são essas? Podemos começar aceitando que nem todos os dias serão dias felizes da vida, mas precisamos ter em mente que nada acontece sem um motivo, uma razão, tudo sempre terá um propósito. É preciso ter em mente que as transições não planejadas, não esperadas, nunca serão fáceis, porém precisamos aprender a enxergar e explorar a nossa capacidade de adaptação.
O “x” da questão está em aprendermos à analisar os fatos com um olhar aprofundado, com clareza, tranquilidade e sobretudo maturidade, quando conseguirmos executar essa análise, encontraremos as respostas para muitos dos nossos questionamentos e aprenderemos a lidar e aceitar as adversidades da vida e os desvios que ocorrem na nossa jornada, sem esquecer que os dias bons passam, assim como os ruins. A partir disso, poderemos dizer que conseguimos compreender um pouquinho do real sentido das coisas que acontecem em nossas vidas.
Agora, caros leitores, é hora de acalmar o coração, a alma e a mente, usando o isolamento social para refletir sobre tudo, sobre o mundo, sobre a vida, e principalmente, sobre a nossa trajetória, pois vivemos em constante mutação e aprendizagem e é isso que nos levará ao crescimento e a evolução em todos os sentidos.
Por fim, ressalto que cada pessoa é dotada de particularidades que a tornam singular, logo, cada pessoa tem um potencial a ser explorado e lapidado, daí a ideia de que cada pessoa poderá atingir o status de ser foda e buscar sua melhor versão de formas distintas, não existindo um jeito certo e outro errado. Portanto, minha sugestão para essa época de isolamento social é para refletirmos sobre tudo isso, para posteriormente traçarmos nossos objetivos, estipularmos nossas metas, projetando nosso futuro, pensando no presente e usando o passado como lição e experiência.




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