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Positividade Tóxica e o mal estar que ela traz

Muito se vê nos veículos de comunicação, e entre eles principalmente pela internet, frases intrigantes pelo tamanho da positividade que carregam.


O mundo está desabando, temos catástrofes ambientais ocorrendo em todos os cantos do mundo, fantasmas do fascismo acordaram e estão ganhando mais força a cada dia com seu discurso de ódio e refutação das diferenças humanas e desigualdades sociais. Doenças que matam milhares e a indiferença de outros por esse fato. Sem falar em como pode ser sufocante ver tanta falsa felicidade estampada na vida virtual das pessoas, mesmo que o mundo esteja acabando.


Na internet ninguém tem problemas, todos lidam bem com seus conflitos emocionais (só que não) e as dificuldades não são encaradas como processos, mas obstáculos que atrasam. Sorrisos, #gratidão, corpos perfeitos, todos mostram apenas o lado bom na internet e a exposição a somente essas formas de vidas digitais pode trazer muitas frustrações.


Ué?! Como todos conseguem lidar tão bem com tudo e se mostrar tão fortes e resilientes o tempo todo? Já parou para pensar que muitas das postagens que você vê podem não ser reais?


A vida não é uma corrida. Vivemos em uma sociedade da pressa de alcançar a felicidade e isto acaba com a possibilidade de olhar para o processo que se vive durante o caminho que já foi percorrido e o que está vivenciando no agora. Não escrevo pelo fim da esperança, mas, sim, para podermos pensar juntos a respeito da Positividade Tóxica.

Só ver o lado bom em tudo pode ser uma fuga da realidade palpável, pode ser sinalizar dificuldades em encarar a própria realidade. Tão importante quanto a palavra gratidão e a vontade de estar rodeada/o somente de energias positivas é pensar na angustia, na tristeza, na raiva... Extremos nunca foram saudáveis, mas, onde se encontra o excesso, se esconde também muita falta.


A possibilidade de perceber a tristeza e poder significa-la é muito importante para que possamos nos reconhecer como seres humanos, que têm desejos e também limitações. Quando se reprime esses sentimentos ditos negativos pode estar se armando uma bomba que irá explodir logo a frente.


Ignorar estes sentimentos pode deixar para trás a oportunidade de enxergarmos qual situação os criou e identificar meios de lidar com essas situações.


Ninguém nasce sabendo de tudo. É preciso olhar para o que nos torna vulnerável e acolher esses sentimentos, compreender o que eles querem nos dizer.


O cansaço também faz parte dos nossos dias. A vontade de não fazer nada, não criar nada, existe. E está tudo bem quanto a isso porque ninguém é forte o tempo todo. Há uma frase do criador da psicanálise, Sigmund Freud, na qual ele diz que somos feitos de carne e osso mas que somos obrigados a viver como se fossemos de ferro. Seria desumano ter que ser alegre o tempo todo. Seria desumano olhar para o que nos afeta e ter de desconsiderar a tristeza porque hoje não tem espaço para ela.


Correr atrás do que nos traz alegria e felicidade é um processo que muitas vezes vai fazer com que abramos mão de outras coisas e isto faz parte do que se chama viver. Quando se diz “olhe pelo lado positivo...” é preciso acender um sinal de alerta, pois estar ciente das dificuldades é também parte do processo, já que não temos o controle de tudo.

O que fazemos com a tristeza também nos diz o que somos. Ceder espaço para se admitir um ser angustiado é também ceder espaço para processos de mudança e novos olhares criativos em relação a raiva, angústia, tristeza, desânimo.

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